Por onde ando não há razões sensatas.
São caminhos desnudos dos óbvios da vida.
Tenho medos e não devo expressa-los.
Tenho amor e não posso entrega-lo.
Minhas estradas são íngremes e espinhentas.
Meus pés, descalços levam-me ao nada.
Ora sou fera, ora sou cordeiro.
Das lavouras de alegrias, sou o espantalho.
Controverso, estou sempre pronto a servir. A
qui e acolá.
Aos senhores das trevas ou aos anjos de luz.
A quem possa interessar, tenho dores a ofertar.
Jogral de mim mesmo, de há muito despi meus fatos.
De ricos tecidos e finos aromas.
Para quem sofre tenho elixires sutis.
Extraídos dos caninos das serpes.
Curam ou matam.
Vai do querer.
Mas nem sempre foi assim.
Outrora, cantei com os pássaros e vivi com os puros.
De coração e de alma.
Repousei em berço alcandorado.
Adormeci em colo de rosas.
Provei de lábios únicos o mel do amor perfeito.
Fui rei e súdito de uma só terra.
Plena de estradas luminosas e lagos cristalinos.
Coberta de lares abençoados de paz e fraternidade.
Eis, porém, quando se tem fraco o espírito.
Se tentado ao extremo, sucumbe à inveja.
De amigos à inimigos, inexiste a distância.
Assim, pois, quedei traído e execrado.
Lançado na arena da calunia e da injuria, busquei o exílio.
Por isso, talvez, seja eu o que sou.
Caminhante do tempo, aguardando seu momento.
De seguir novo roteiro ou retornar às origens.
Para vingar ou perdoar.
Como quiserem...
palhinha
Enviado por palhinha em 29/05/2018