Baú de Traços & Troços
Nascer,morrer, renascer ainda, tal é a lei (Kardec)
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Pois é gente. Estive, não faz muito, em Cachoeiro. Passei despercebido pela cidade como "soy" deveria acontecer. Por óbvio, a cidade não me conhece mais. Afinal são muitos anos de presença-ausente. Estou sempre lá, é verdade, mas não a frequento. Não dou o ar da graça. Escondo-me em suas entreparedes para apreciá-la, como um “voyeur” submisso ao seu vício. Dessa vez, sem melhor razão, foi diferente. Saí a caminhar pelas suas ruas. Mesmo surpreso e entristecido pelos avisos sobre os cuidados com a violência cotidiana.
 Mas, como dizia, sai para andar. Percorri a praça Jerônimo Monteiro em ritmo de footing, buscando alguma moça que me quisesse pra namorado. Esse é o verdadeiro sentido da caminhada. Não aconteceu. Tomei o rumo da ladeira da Costa Pereira, passando pelo Clube Caçadores, cortando caminho para chegar ao Sumaré ou campo do Estrela do Norte FC, como se falava em minha época por ali. Em frente ao Estádio saudade dorida machucou meu peito. Quedei-me quase em transe a ouvir a turba de torcedores vibrando por mim e pelo time. Ali realmente ficaram as minhas “belas tardes de domingo.”
Desci pela Rua Ana Machado em direção ao Mercado. Atravessei a ponte para o Bairro Independência, em direção à minha casa. Assustei-me, perdão, minha casa está vazia, ali somente mora a saudade dos tempos de antanho. A travessia, tantas e tantas vezes feitas reverberava em recordações.  Diante de mim, na cabeça da ponte, o delta das três direções. Em frente a subida do Cristo Rei(de belas meninas), à esquerda, a Av. Pinheiro Junior, onde sofri as primeiras ilusões do amor, e à direita a Rua Moreira, amada e venerada artéria principal do meu Bairro Independência e nosso eterno caminho para o Liceu.
Fui para o Liceu. O velho e vetusto educandário sempre foi e ainda é o repositório mais fiel de meus bocados de felicidade e alegria. Adentrei pelo pátio do augusto Colégio e parei estático diante de sua porta principal. Aí, moçada, não deu pra segurar. Minha cabeça deu um nó de marinheiro e se trancou nos escaninhos do passado, enquanto doces recordações se afogavam em lágrimas sentidas pela passagem do tempo.
Não sei precisar o quanto ali fiquei alimentando aquela vivência em outra dimensão. Então, retornando devagarinho à vida real, quedei-me em franca “sofrência”. Quem foi o idiota que disse que saudade não mata? Mata sim, e bem antes da hora. Dei nas pernas, rapidinho, antes que eu tivesse um "troço" e virasse um destroço.
Mês que vem tem festa da cidade. Desfiles, homenagens, eventos e Cachoeirense Ausente. Se número um ou mil pouco importa. Não estarei lá como sempre. O dia vinte e nove de junho é aniversário de um dos meus netinhos.
Vai daí... continuarei a ser mais um ausente, mesmo estando presente.

PS: Trata-se de minha cidade natal. Chamam-na de "Capital Secreta do Mundo". Excesso de bairrismo, não comungado por mim. No mais, tudo é verdade e saudade.
 

 
palhinha
Enviado por palhinha em 15/05/2019
Alterado em 21/05/2019
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